Na coluna desta semana, a especialista Lia Salgado fala sobre a concorrência e também sobre como os candidatos podem lidar com essa preocupação.

"Quanto mais os concursos se tornam conhecidos, mais gente procura essa opção profissional. Mas isso não necessariamente significa aumento real da concorrência – apenas numérico", diz Lia.

Uma das áreas que costuma ter maior procura, mesmo não oferecendo os melhores salários, é a administrativa, por exigir conteúdo menos específico. Foi o caso do concurso para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que teve mais de 1 milhão de inscritos.

Mas esse número significa exatamente isso: quantidade de inscritos. E é tanto maior quanto mais atrativo for o concurso, seja pelo salário, pela quantidade de vagas oferecidas ou se for menor o número de matérias cobradas na prova. Esses aspectos levam muita gente a apostar no concurso, como se fosse uma loteria: “vai que eu passo?”.

"Acontece que concurso não é loteria. São muitas disciplinas e, de modo geral, é preciso acertar um mínimo de pontos em cada matéria ou grupo de matérias, o que reduz as chances de vencer “no chute”. Além disso, têm sido cada vez mais frequentes concursos com prova discursiva, sobre temas relacionados às matérias cobradas – nesse caso, não há como chutar. Mais uma coisa: os “apostadores” estarão concorrendo com determinado número de pessoas que estão realmente bem preparadas", diz Lia.

A especialista lembra que outro aspecto que merece atenção é: o que alguém que passasse na sorte faria na hora de exercer a função? Porque estudar o conteúdo cobrado na prova é o que prepara o candidato para, quando aprovado, exercer a atividade. E há o período de estágio probatório, quando o desempenho do servidor é avaliado.

Segundo Lia, não há como negar a maior qualificação dos candidatos que realmente se preparam. "Antigamente bastava comprar uma apostila na banca de jornal. Agora, com a grande divulgação dos concursos, mais pessoas escolhem esse projeto e sabem que precisam fazer uma preparação séria e de médio prazo. O pessoal se torna profissional na forma de estudar, preparar material de revisões, fazer simulados, provas anteriores. E seguem estudando até a aprovação – é projeto de vida", afirma.

A especialista ressalta que concurso é fila. Quando alguém começa a estudar, entra no fim da fila. Com o passar do tempo, se fizer disso um projeto sério, vai aos poucos aprendendo a estudar com mais qualidade e constância. Quem começou antes e se preparou bem, vai sendo aprovado e saindo da fila. Outros desistem e também saem da fila. Quem começar depois vai para o fim da fila. Assim, só pelo fato de seguir estudando, a pessoa vai chegando para posições mais à frente.

"Chega um momento em que não há mais ninguém entre ela e a vaga. Por isso o candidatos ó precisa de uma vaga".