Regras ficam mais duras para pen­são ali­men­tí­cia


Estado de Minas, 18/03/2016

Os de­ve­do­res de pen­são ali­men­tí­cia re­ce­be­rão pe­nas mais du­ras a par­tir de ho­je, quan­do en­tra em vi­gor o no­vo Có­di­go de Pro­ces­so Ci­vil (CPC). A pri­são pas­sa a ser em re­gi­me fe­cha­do, além de o de­ve­dor ter o no­me ne­ga­ti­va­do em ser­vi­ços de pro­te­ção ao cré­di­to e po­de ser des­con­ta­do em fo­lha. A pro­fis­sio­nal li­be­ral Ma­ria (no­me fic­tí­cio) es­pe­ra que o en­ri­je­ci­men­to pos­sa re­sol­ver a de­man­da que ela tem des­de 2013, quan­do se di­vor­ciou e a Jus­ti­ça fi­xou ao ma­ri­do o pa­ga­men­to de pen­são ali­men­tí­cia no va­lor de R$ 1,4 mil. “O pro­ces­so é mui­to de­mo­ra­do. Se ele não pa­ga um mês, avi­so ao juiz. En­tão, ele ana­li­sa ex­pe­dir um man­da­to de pri­são. A res­pos­ta não é rá­pi­da”, diz.

Des­de quan­do a Jus­ti­ça fi­xou o pa­ga­men­to, ela nun­ca re­ce­be mais de três me­ses com re­gu­la­ri­da­de. “An­tes de che­gar ao quar­to mês, ele pa­ga um pou­qui­nho e es­pe­ra mais um tem­po. Tor­ço pa­ra que me­lho­re por­que os ju­ros do che­que es­pe­cial não pa­ram. Te­nho que pa­gar o su­per­mer­ca­do e a es­co­la. Não con­si­go pa­rar a mi­nha vi­da e a do meu fi­lho. A res­pon­sa­bi­li­da­de do pai não é só fi­nan­cei­ra, mas pas­sa por is­so tam­bém.” De acor­do com o Tri­bu­nal de Jus­ti­ça de Mi­nas Ge­rais (TJMG), de ju­nho de 2012 a ju­lho de 2014, fo­ram jul­ga­das 40.312 ações de pen­são ali­men­tí­cia.

O le­van­ta­men­to só le­va em con­ta as ações que ini­cia­ram com o pe­di­do de pen­são ali­men­tí­cia e não in­clui as que a pen­são pos­sa ter si­do re­que­ri­da ao fi­nal, co­mo, por exem­plo, um pe­di­do de di­vór­cio. O úl­ti­mo le­van­ta­men­to da Se­cre­ta­ria de Es­ta­do de De­fe­sa So­cial (Se­des) in­di­cou que, em 2014, a fal­ta de pa­ga­men­to de pen­sões le­vou pa­ra a ca­deia 4.927 pes­soas, sen­do 4.678 de­ram en­tra­da no mes­mo pe­río­do via sen­ten­ça con­de­na­tó­ria.

A Se­des não in­for­mou os da­dos de 2015, mas dis­se que, atual­men­te, 214 pes­soas es­tão em pri­são ci­vil por não pa­ga­men­to de pen­são ali­men­tí­cia. O có­di­go de­fi­ne que a pri­são se­rá de 30 a 90 dias e, em Mi­nas, os pre­sos de­vem fi­car em ce­las se­pa­ra­das. De acor­do com a se­cre­ta­ria, o Cen­tro de Re­ma­ne­ja­men­to do Sis­te­ma Pri­sio­nal (Ce­resp) Ga­me­lei­ra, em Be­lo Ho­ri­zon­te, pos­sui uma ala iso­la­da. Em ou­tras uni­da­des do es­ta­do, fi­cam se­pa­ra­dos dos de­mais de­ten­tos. “É a úni­ca pe­na exis­ten­te no Bra­sil pa­ra uma dí­vi­da ci­vil. Não se po­de pren­der nin­guém por dí­vi­da, so­men­te em ca­sos de não pro­vi­men­to de ali­men­tos. É uma ex­ce­ção à re­gra”, afir­ma o di­re­tor dos cur­sos de pós-gra­dua­ção da Es­co­la Su­pe­rior de Ad­vo­ca­cia da Or­dem de Ad­vo­ga­dos de Mi­nas Ge­rais (OAB-MG), We­ling­ton Lu­zia Tei­xei­ra.

IM­PAC­TOS - Na ava­lia­ção do ad­vo­ga­do, a mu­dan­ça de­ve­rá im­pac­tar nos tri­bu­nais de Jus­ti­ça e nas pe­ni­ten­ciá­rias do es­ta­do, sen­do ne­ces­sá­rio uma res­tru­tu­ra­ção pa­ra aten­der ao pos­sí­vel au­men­to de pe­di­dos. Ele lem­bra, po­rém, que a de­ten­ção é a úl­ti­ma me­di­da a ser to­ma­da pe­lo juiz, sen­do pos­sí­vel ado­tar ou­tras que po­dem ser mais efe­ti­vas, co­mo re­ter pas­sa­por­te e car­tão de cré­di­to, pe­nho­ra de bens e blo­quear di­nhei­ro em con­ta. “Li­mi­tar a vi­da sem man­dar pren­dê-lo são me­di­das que po­dem ser to­ma­das an­tes da pri­são”, afir­ma.

Jul­ga­men­tos devem ser acelerados
As mu­dan­ças no no­vo Có­di­go de Pro­ces­so Ci­vil de­ve­rão dei­xar os jul­ga­men­tos mais rá­pi­dos, ava­lia o di­re­tor dos cur­sos de pós-gra­dua­ção da Es­co­la Su­pe­rior de Ad­vo­ca­cia da Or­dem de Ad­vo­ga­dos de Mi­nas Ge­rais (OAB-MG), We­ling­ton Lu­zia Tei­xei­ra. “En­tre a se­gu­ran­ça ju­rí­di­ca e ra­pi­dez, es­se có­di­go op­tou pe­la ra­pi­dez.” Es­se é o pri­mei­ro Có­di­go de Pro­ces­so Ci­vil ela­bo­ra­do de­pois da Cons­ti­tui­ção Fe­de­ral de 1988.


Tei­xei­ra apon­ta co­mo um dos avan­ços o fa­to de que os juí­zes não po­de­rão to­mar a de­ci­são an­tes de ou­vir as par­tes. “Só de­pois de ou­vir o con­tra­di­tó­rio po­de­rá che­gar à sen­ten­ça. Is­so evi­ta de­ci­sões ar­bi­trá­rias e sur­pre­sas.” Ou­tra me­di­da que en­tra em vi­gor re­du­zi­rá o nú­me­ro de re­cur­sos pro­te­la­tó­rios. To­das as ve­zes que um ad­vo­ga­do en­trar com um re­cur­so que con­tra­ria a ju­ris­pru­dên­cia, o tri­bu­nal po­de­rá ar­bi­trar ho­no­rá­rios re­cur­sais. “Au­men­ta­rá o cus­to fi­nan­cei­ro do pro­ces­so. A Jus­ti­ça mais ca­ra fi­ca mais rá­pi­da.” Na ava­lia­ção do pro­fes­sor de di­rei­to pro­ces­sual da PUC Mi­nas, Car­los Hen­ri­que Soa­res, a mu­dan­ça ace­le­ra as de­ci­sões, mas ti­ra um pou­co de li­ber­da­de de jul­ga­men­to dos juí­zes. “O pro­ces­so fi­ca mais rá­pi­do, mas en­ges­sa um pou­co”, pon­de­ra.

O no­vo có­di­go tam­bém de­ter­mi­na maior coe­são en­tre juí­zes de mes­ma ins­tân­cia e de ins­tân­cias su­pe­rio­res. Os ma­gis­tra­dos de­ve­rão obe­de­cer à ju­ris­pru­dên­cia e tri­bu­nais que per­ten­cem e, por sua vez, os tri­bu­nais te­rão que se­guir a ju­ris­pru­dên­cia das ins­tân­cias su­pe­rio­res. Ou­tra mu­dan­ça apon­ta­da co­mo po­si­ti­va pe­los es­pe­cia­lis­tas é que a con­ci­lia­ção pas­sa a ser ele­men­to cen­tral na re­so­lu­ção de pro­ble­mas. Tei­xei­ra lem­bra que to­da a ação de­ve ini­ciar com uma au­diên­cia de con­ci­lia­ção. “É uma for­ma de re­sol­ver o li­tí­gio de uma ma­nei­ra mais rá­pi­da. 

GAN­HOS O no­vo Có­di­go de Pro­ces­so Ci­vil foi pro­mul­ga­do há um ano de­pois de ser apro­va­do na Câ­ma­ra dos De­pu­ta­dos e no Se­na­do Fe­de­ral. As mu­dan­ças fo­ram su­ge­ri­das em oi­to au­diên­cias pú­bli­cas rea­li­za­das com a co­mu­ni­da­de ju­rí­di­ca. O an­te­pro­je­to que foi pa­ra o Con­gres­so Na­cio­nal foi ela­bo­ra­do por uma co­mis­são de ju­ris­tas a par­tir das au­diên­cias pú­bli­cas. “O có­di­go es­tá mais ali­nha­do com o es­ta­do de­mo­crá­ti­co de di­rei­to. É uma gan­ho em ter­mos par­ti­ci­pa­ção e de­mo­cra­cia”, ava­lia Soa­res. (MMC)







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